COMO A PRÓPRIA EDUARDA DIZIA "MÃE TU ÉS A MINHA ESTRELA CINTILANTE"
AGORA PASSOU A SER A EDUARDINHA, A ESTRELA CINTILANTE QUE BRILHA BEM DO ALTO DOS CÉUS

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O que é grande no pequeno


Minha filha, dizem que somos humanos e que a vida é feita de encontros e desencontros, de ganhos e de perdas, de amores e desamores. Percorro os meus dias, sabendo que dos pequenos nadas podem surgir tantos trilhos que nos preenchem a Alma, nos correspondem àquilo que mais desejamos encontrar.
Dizem que só conhecendo uma pessoa na proximidade do dia-a-dia se pode construir ou apostar em alguém. É verdade que a partilha directa nos pode dar algumas certezas mas também são imensos os casos que vivemos com pessoas no nosso lado e nem por isso deixam de ser revelar pela negativa, mesmo com anos de convivência. A vida é tantas vezes um acaso, é um acreditar, é uma entrega no que se sente, uma espera porque se cria expectativa, é construir mesmo em diferenças que possam existir.
A vida é perceber que do quase nada se pode conhecer uma pessoa, mas que se pode tornar num dos Seres mais importantes do quotidiano existencial. A vida não é mais do que apostar em alguém, na sua esperada verdade, no seu Ser, no seu íntimo. Talvez, na minha forma de aprendiz, com tão pouca experiência de vida, talvez tenha de perceber que também pode nem ser assim. Realmente, para edificarmos algo, não estamos sozinhos. Outros têm de acreditar, também gostarem e apostar nos nossos caminhos. Como é que só um pedreiro pode construir um arranha-céus? Derrotado ficará se não aceitar ajuda, pessoas que com ele queiram partilhar essa construção.
E um prédio pode nascer de um projecto de anos e anos de conhecimento mas também fruto de um pequeno sinal que se teve no coração. No mesmo dia, é esse órgão de sentimentos que nos desvenda que tijolo a tijolo, com quem mais acreditamos, vamos construindo esse arranha-céu que nem por isso deverá ser muito alto para ser grande. Por vezes, esse arranha-céu pode ter apenas um modesto piso, mas ser tão grande na sua consistência de vida.
É preciso perceber que o mundo é feito de arranha-céus pequenos. São os construtores, aqueles que connosco levam os ‘condimentos’, porque também somos para eles uma luz e uma força de edificar, que nos vão fazendo crescer todos os dias. As coisas pequeninas são tão grandes dentro de nós. E eu, cada vez mais vou percebendo isso, linda Eduarda, talvez guardando para mim essa realidade, porque muitas pessoas tendem não entender, muito menos aceitar a nossa pequenez. Mas, ser grande, é sobretudo sentir muito, intensamente, profundamente, mesmo que os outros não codifiquem o nosso estado.
Apenas quero ser grande nos sentimentos, mesmo que sejam vividos entre nós dois, neste meu caminho terreno, até àquele segundo derradeiro que me apagará. Assim sou feliz, estarei feliz, nesta estrada da vida, tão distante mas tão próxima de Ti. A vida anda junto com o Amor mas só alguns o conseguem experimentar. Tantos são os que numa vida inteira apenas ouvem a palavra, nunca chegando a tocar ou vivenciar. E não é preciso muito, nem ser grande. Grande, apenas o sentimento, esse piso que constitui esse arranha-céu que ambos conhecemos…

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O verdadeiro Natal


O Natal é o nascimento de Jesus Cristo, de forma simples, humilde, pobre, pequenino... Não é Natal a corrida para os shopings para comprar presentes, num consumismo desmedido, incontrolável.
Pergunto se alguém nesta época pensa ou associa o Natal à forma como nasceu Jesus Cristo? Penso que me iria surpreender com as respostas que iria obter. Mas o Natal é história, são sentimentos partilhados, entregas incondicionais ao Amor, é esperar muito pelo que até consideramos difícil. O Natal é acordar e valorizar a vida, percebendo que somos um instrumento de Deus e que ao sermos actores neste mundo, devemos actuar para o bem comum, colectivo.
O Natal não é guerra, ódio, injustiça social, desigualdades de oportunidades, pobreza no seu extremo. O Natal deveria ser um mundo mais igual para todos. E nem seria assim tão difícil. Bastaria uma prenda dos mais ricos para com os seus irmãos mais pobres. Dividir parte do seu quinhão...
O Natal é esperança no futuro, esperando que Cristo esteja muito mais nos nossos corações. O Homem sem fé, sem acreditar no supremo Amor de Deus, é um barco completamente à deriva. Mesmo que as embarcações sejam dotadas de todas as tecnologias mas não se movam com o sentido de Deus, perdem-se na imensidão do Oceano. Com Deus conseguimos ser felizes, sem ele, temos a ilusão que o mundo não lhe pertence, mas viveremos sem qualquer pertença e destino possível. Chegaremos a nada, vivendo do nada.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Sara, a menina das memórias e de uma vida ceifada


Os sonhos projectam-se para o futuro e muitas vezes materializam-se, criando histórias lindas de amor. Conheci uma história ímpar de amor, que resistiu a tudo, contra todos, numa convicção pura de que juntos venceriam. E venceram. Ambos foram protagonistas de uma história de quase 12 anos de casamento, com um filho de 5 anos chamado Guilherme, que permitiu que ficasse como uma semente.
E viviam felizes, muito unidos, numa família que transmitia paz, tranquilidade, harmonia... Até que num dia, tudo mudou. A Sara soube que estava com leucemia mieloide, uma das piores naquele tipo de doença. Misturaram-se emoções. Por um lado, o desespero e a angústia e por outro lado, uma réstea de esperança que o milagre acontecesse.
E foram quase quatro meses de luta, entre Leiria e Coimbra, entre operações e quimioterapia, entre a procura de um dador de medula e uma probabilidade de vencer a doença. Fizeram-se campanhas para encontrar dadores, contactaram-se médicos especialistas para se fazer o melhor.
Quando tudo parecia estar encaminhado para vencer a terrível leucemia, a Sara não resistiu a uma bactéria que lhe veio provocar estragos irreparáveis no seu corpo. Sofreu, desesperou, esperou, olhou para Deus e pediu um milagre, mas os seus sonhos foram mesmo cancelados, conforme é referido na canção que a Sara pediu que tocassem quando se fosse.
Afinal, a Sara esperava o milagre mas bem sabia que as suas probabilidades de sobreviver quase não existiam. Percorreu quatro meses de um sofrimento extremo, combatendo este inimigo terrível chamado leucemia. Não é justa esta vida.
Na noite de sexta-feira, dia 21 de Outubro de 2011, a Sara Venâncio, com apenas 31 anos de vida, cansada e derrotada, foi para junto de Deus. Partiu. Não resistiu a este tempo. Mas o que é isto do nosso tempo? Não sabemos ao certo por onde andamos, muito menos para onde vamos. Mas vislumbro que o lado espiritual nos transforma, dando mais vida ao nosso estado existencial.
Sara, onde já estiveres, espero que estejas bem. O tempo é apenas uma viagem que fazemos onde vamos construindo no dia-a-dia a nossa história. Queria que soubesses linda Sara que tu és vida e força. Tenho pena de não termos cumprido o que combinámos, lembras-te? Mas, talvez esteja adiado e, quem sabe um dia, não vamos os dois fazer aquele discurso que combinámos, quando ficasses boa…
Ficou a tua família dizimada com este corte umbilical, também o pequeno Guilherme e o teu marido Ricardo que tanto te ama e acompanha, chamando-te "Caracolina, Natércia e Bambini".
Talvez a vida não seja mesmo aqui. Provavelmente quem parte viverá muito mais. Em breve, talvez consiga fazer uma chamada para o Céu. Aí, falarei contigo, para combinarmos novamente e de forma definitiva o nosso discurso de vitória. Aliás, ficaste para todos como símbolo de vitória, de esperança e de que tudo pode acontecer, mesmo quando se espera o pior, como a morte. Agradeço-te pelo exemplo e pela pessoa que te revelaste, fecunda em simplicidade mas também numa forma directa e verdadeira de existir.
A tua vida foi ceifada daqui mas vives nos nossos corações, também nesse local longínquo, onde um dia chegaremos todos.
Um beijo de SEMPRE.
Teu primo, Joaquim

sábado, 22 de outubro de 2011

A Sara já partiu...


A Sara já partiu. Foi, não resistiu a este tempo. Mas o que é isto do nosso tempo? Não sabemos ao certo por onde andamos, muito menos para onde vamos. Mas vislumbro que o lado espiritual nos transforma, dando mais vida ao nosso estado existencial.
Sara, onde já estiveres, espero que estejas bem. O tempo é apenas uma viagem que fazemos onde vamos construindo no dia-a-dia a nossa história. Sara, tu és vida e força. E se onde chegaste já viste um sorriso lindo da minha filha Eduarda, dá-lhe um beijinho por mim, aquele que ficou por dar.
Tenho pena de não termos cumprido o que combinámos, lembras-te? Mas, talvez esteja adiado e quem sabe um dia vamos os dois fazer aquele discurso que combinámos, quando ficasses boa…
Um beijo de SEMPRE.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A mensagem e o mensageiro


Espero por uma mensagem de Ti. Podes não seres Tu a revelar, poderás até enviar por outro Ser, outro meio… Mas, manda um sinal, uma mensagem para junto do meu coração.
Preciso do teu alento, do teu conforto. Desde que foste que fiquei incompleto e não mais me conseguirei completar. Vivo e já consigo viver melhor sem a tua realidade, embora muito me custe.
Caminho sobre a minha própria sombra, procurando nos seus lados a luz dos teus olhinhos de arco-íris. Sobre umas escadinhas da igreja, sento-me e olho para as árvores, ouvindo um pequenito passarinho. Parece que é ele que me quer transmitir algo. Serás tu, pequeno ser dos bosques, esvoaçando por tudo o que é árvore e flores? Que me trazes ao ouvido?
Talvez sejas o meu mensageiro, daquela menina que um dia também voou, voou, voou… Pudera Deus dar-me asas e voaria, tão longe mas para tão pertinho de Ti. Preciso de uma mensagem, ou de um mensageiro.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Mensagem do fundador da Apple

"O nosso tempo é limitado, por isso não o percamos nas vidas dos outros. Não fiquemos encurralados em dogmas, isso é viver com os resultados do pensamento de outras pessoas. Não deixem que o ruído das opiniões dos outros torne a nossa voz interior inaudível. E acima de tudo, tenham a coragem para seguir o vosso coração e a vossa intuição. De alguma forma, eles sabem aquilo em que verdadeiramente nos queremos tornar. Tudo o resto é secundário. " (Steve Jobs)

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

FELICIDADE


"Felicidαde não tem peso, nem tem medidα, não pode ser comprαdα, não se emprestα, não se tomα emprestαdα, não resiste α cálculos, porque não é mαteriαl, nos pαdrões mαteriais do nosso mundo. só pode ser legítimα. Felicidαde fαlsα não é felicidαde, é ilusão. Mαs, se eu soubesse fαzer contαs nα medidα do bem, diriα que α felicidαde pode ter tαmαnho, pode ser grαnde, pequenα, cαbendo nαs conchαs dα mão, ou ser do tαmαnho do mundo. Felicidαde é sαbedoriα, esperαnçα, vontαde de ir, vontαde de ficαr, presente, pαssαdo, futuro. Felicidαde é confiαnçα: fé e crençα, trαbαlho e αcção. Não se pode ter pressα de ser feliz, porque α felicidαde vem devαgαrzinho, como quem não quer nαdα. Ser feliz não depende de dinheiro, não depende de sαúde, nem de poder. Felicidαde não é fruto dα ostentαção, nem do luxo. Felicidαde é desprendimento, não é αmbição. Só é feliz quem sαbe suportαr, perder, sofrer & perdoαr.
Só é feliz quem sαbe, sobretudo, αmαr!"

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Abrir uma janela...


Conhecer-te, mesmo nesta distância desconhecida, foi para mim uma luz de farol.
À deriva, ando por esses mares, cruzando rotas e destinos deste mundo.
Em cada cais uma partida e uma chegada. Em cada porto, o restabelecer de forças, temperando emoções, descobrindo as forças dos ventos. Sim, são esses ventos que nos ligam, num eco de sopro, nas milhas e nas horas.
Só sei que és importante nos meus dias, mesmo não te vendo, tocando, sentindo, ouvindo, cheirando...
Tu aí, eu aqui. Mesmo neste desconhecido tempo, sei que sinto, sei que sentes. Talvez nem saibas o quanto me faças falta. Sei que nem te deves apercebar do quanto. Mas, por vezes, não é preciso dizer o quanto a pessoa é importante para nós. Vale bem mais sentir esse valioso estado de alma, esse quase impossível sentir do coração. Porque hoje poucos são os que sabem amar, muitos são os que o querem descobrir e nunca o conseguiram.
Os caminhos são todos iguais, apenas uns se cruzam e outros andam em rotas de colisão ou bem distantes uns dos outros. Está nas nossas mãos, abrir janelas, deixar-nos conduzir, para sentir e fazer sentir.
Talvez sejas sol, que um dia reflectirá sobre a minha janela. Aquela que não abri, nem abro em qualquer momento.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Portugal e os portugueses...


Vejo um Portugal com muitos portugueses acomodados, onde o esforço para atingir objectivos é simples miragem. Vejo também as pessoas com imensas vaidades, no querer ostentar, quando os procedimentos certos passam por moderação e humildade. Vejo jovens sem trabalho mas também não querem trabalhar. Vejo amigos que vão e regressam conforme o tempo que lhes convém. Vejo políticos sem políticas. Vejo amor com desamor, pela absoluta indisponibilidade de amar. E quando falo em amor é no sentido lato, até porque um bom amigo também ama...

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Dificuldades na visualização da reportagem da TVI

Meus Amigos, parece que a TVI retirou os conteúdos no link que coloquei neste blogue. Porque estou a ser contactado por muitas pessoas, informo que poderão ver a reportagem nesta morada do youtube: http://www.youtube.com/watch?v=ucBUpTzDnXc

O Verão...


Ontem fui à praia com uma menina chamada Maria. Foi a primeira vez que pisou a areia, primeiro com uma resistência pura mas depois numa alegria e brincadeira contagiante.
Recordei alguém que ali pertinho também esteve outrora. Tive saudades desse tempo em que a Eduarda correu e saltou, criando sons e cores, num cenário de cortar a respiração. Se me tocou a saudade, também a felicidade nos tocou ao coração, quase parecendo que a Maria é uma mensageira de Deus. Quando estamos tristes, por mais problemas que existam, por inúmeras contradições que surjam desta vida, a Maria com o seu permanente sorriso de dois dentinhos que romperam, levanta-nos para o estado de alegres e realizados.
A vida tira-nos mas é esta vida que tantas vezes nos devolve a esperança. Deus irá revelar-nos um dia tudo o que hoje não sabemos. Estes sinais são pistas do que mais tarde iremos entender. Assim creio.
A cada dia, por mais difícil que seja viver sem a Eduarda, a Maria devolve-nos em dose reforçada a força de existir... E nessa areia da praia do Pedrógão, um coração, uma flor, como um dos quadros mais belos!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

O LAGO DA EDUARDA

Para quem ainda se lembra... e para quem quer ver como foi lindo, recordo o espectáculo em homenagem à Eduarda, com a linda peça O LAGO DOS CISNES. Aqui está o link: http://www.youtube.com/watch?v=gakwjOFy6t4

quinta-feira, 21 de julho de 2011

A Eduarda na TVI

As Palavras que Nunca te Direi, na TVI... Apenas concedi esta entrevista como testemunho vivo, numa forma de ajudar outras pessoas que passam por este corte na vida terrena. Para quem não viu (deve carregar no play e deixar passar um pequeno anúncio)... Aqui vai o link do programa: http://www.tvi.iol.pt/mediacen​ter.html?mul_id=13459137&load=​1&pagina=1&pos=7

terça-feira, 28 de junho de 2011

Entre o som da coruja da noite e a madrugadora cotovia...


Entre o som da coruja da noite e a madrugadora cotovia, debruço-me tantas vezes sobre o magnífico cenário do passado, sobre o que foste durante os quase seis anos que viveste connosco. Embora reflicta muito mais sobre Ti durante a noite das estrelas, vejo-te sempre a viver no clarão dos dias, na tua linda melodia de passarinho madrugador, junto dos orvalhos dos regatos e dos campos floridos.
Neste mês de Junho fazes 11 anos de vida. Sim. Viverás sempre. Sinto a tua presença como que se fosse possível ir novamente vestir a tua roupinha no acordar, preparar o teu pequeno-almoço e levar-te à escola João de Deus... É estranho, mas tudo parece irreal, uma mentira absoluta. Agora, quase no final de um dia de trabalho, vou sair entretanto e tenho a mesma preocupação de te ir buscar à escolinha. Parece que estás aí, Eduardinha.
Sabes, vou querer escutar aquela cotovia, mas também embrenhar-me num cenário bonito de andorinhas que povoam os nossos telhados desde a Primavera. Como elas, vou querer voar, voar e voar. Juntar palhinha e barro, sedimentar o nosso ninho. E conhecer esse mundo fora, livres e sem medo de carros. É nesse voo que nunca te perderei, bem sei.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Nesta hora fazes 11 anos... de vida!!!



Palavras para quê?
Hoje, precisamente nesta hora, fazias 11 anos de idade. Quem te recorda? É verdade que uma vez mais voltei a receber manifestações de pessoas que num simples gesto marcam a sua presença junto de quem continua a trilhar sem uma filha ao seu lado. Mas, para outras pessoas da distância, mesmo que por dificuldades várias nos seus argumentos, de não conseguirem lidar com uma realidade como esta, passaste a ser um tema que não existe. Como que se um verdadeiro Amor pudesse terminar.
O brilho dos teus olhos, o sorriso estridente com que Tu me alimentavas o Ser, as palavras simples mas tão bonitas que me orientavam nos dias, o fulgor dos teus gestos que me faziam mover de sol a sol, são simplesmente momentos inesquecíveis que talvez só quem teve a sorte de os viver por perto saberá valorizar.
Mas a vida não será partilha? Que queremos partilhar? Apenas o efémero, as maravilhas do mundo, as melhores sensações ou emoções? Perante uma encruzilhada, muitas pessoas continuam a ver o cinema, a dançarem nos melhores espaços de diversão, a desfrutarem de boas viagens, a viverem o seu dia-a-dia… E eu também poderia estar. Não se pense que deixei de viver alegrias. Talvez menos alegre, mas mesmo assim a alegria continua próxima de tudo o que me constitui.
Deixo-te hoje, alegremente, uma mensagem de Parabéns. A 21 de Junho de 2000, tinhas nascido há poucos minutos. Julguei que seria para sempre a tua presença. Foi. Mas decidiste experimentar esse voo, para tão longe que nem num sopro forte me consigo aproximar. Essa viagem que fizeste não é eterna. Porque no dia que menos esperes alguém chegará pertinho de Ti novamente. Isso importa. A vida é como os passarinhos que nascem e esperam pelo dia do seu primeiro voo. Nós, na condição terrena, não voamos, mas sobrevoamos. Até chegar esse dia de voar, embora muitos vivam como se só aqui ficassem.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Estarás só?


O regresso só nos traz de volta quando queremos perceber e sentir o significado da palavra origens. Quando se parte deixa-se para trás as histórias, acontecimentos que nos marcaram, pessoas que cruzámos e que dividiram connosco os momentos.
Se hoje lês este pequeno texto, poderás saber se és ou não uma dessas pessoas. Poderás perceber se fazes parte deste meu mundo feito de venturas em torno das dúvidas comuns de um ser humano. Tenho certezas e incertezas, como qualquer ser vivo deste planeta. Mas terei outra sensibilidade, outra forma de compreender o mundo, o nosso mundo. Acho que este é um factor que nos distingue, definitivamente.
E se te queres esconder, envolto apenas ao teu mundo, poderás perceber, mais tarde ou mais cedo, que não és sozinho/a neste lado da vida. Mas, acordarás e poderás viver como se o fosses.
O Amor pode nunca partir mas a pessoa que amamos Sim. O que ficou atrás, na nossa história de vida, passou por nós mas nunca passará das nossas memórias. Passou no tempo mas não pela vida que fica.
A dor de tudo o que ficou para trás leva-nos a um estado de perceber que o que existiu continuará a existir em nós mas realmente não existirá mais. Tenho escrito e falado muito que para sentirmos a falta de alguém, para percebermos o que é realmente a saudade, no seu ponto máximo, só o conseguiremos sentir se amarmos alguém neste mundo. Ninguém consegue valorizar a saudade sem conhecer o que é o Amor a um filho, a um companheiro, a um amigo...
Infeliz daquele que leva uma vida a somar êxitos, dinheiro, conquistas e mais consquistas, sem por isso vivenciar o Amor. Verá, mais cedo ou mais tarde, que ficou votado ao fracasso, à pobreza e que afinal não conquistou coisa alguma. A verdadeira conquista é o Amor, a todos aqueles que queremos nos nossos caminhos. Até que o coração deixe de bater...
Joaquim Santos

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Escrevo-te a Ti, neste mês de aniversário...


Escrevo-te a Ti, porque bem sei que desse lado me consegues escutar e sentir... Apenas eu não percepciono nada. Mas onde estás, a dimensão do Amor opera, criando uma aproximação invisível com tudo o que é terreno. Tu desces, de mansinho, escutas o meu coração e levas a mensagem para Deus.
Desde que foste não sei de Ti. Sei que estás mas não vislumbro onde estarás. Neste mês de Junho farias 11 anos. É também o meu mês. Não o consigo comemorar sabias? E no entanto, quando estávamos juntos, era o delírio, um hino à alegria e amor.
Nestes anos que passaram tenho conhecido tantas pessoas. Outras que já conhecia, deixei de as reconhecer. Cresci e aprendi muito mais. Nestes anos caí, levantei e voltei a cair. Cruzei destinos diferentes, seres sensíveis à dor e outros insensíveis. Pessoas boas e más. Como qualquer ser humano.
Mas sabes o que me custa? E custa tanto, bem sabes. É ver sorrisos e uma quase indiferença quando estou triste, a pensar e reflectir sobre Ti. Até me podem dizer que são formas de nos espevitar, de nos ajudar… Mas ninguém ajuda com coisas que se soltam no ar em forma de disparate, como se eu nunca tivesse conhecido o lado difícil de perder um filho. Não, para algumas destas pessoas, ou já passou imenso tempo (para elas eu tenho de ultrapassar e quase esquecer tudo isto) ou então, pior ainda, foram elas próprias que praticamente já esqueceram.
Prometo Eduarda que não serás uma mera estatística. Enquanto viver tu também viverás. Nunca serás uma sombra. Mesmo que quase não existas na vida de tantas pessoas que julgaria continuares a fazer parte. E não falo do que não gosto, das conversas ‘lamechas’ ou do coitadinho que me recuso a ser. Falo antes de sensibilidade, de percepção da tua importância em mim.
Termino, com uma conversa partilhada com uma amiga que foi recentemente mãe de um Dinis… Disse ela que só agora consegue percepcionar a força do Amor a um filho e que não se imagina sem o seu rebento. Na verdade, só quando estamos de perto das realidades as poderemos valorizar ou simplesmente fazer o exercício da imaginação dos cenários possíveis.
Neste mês de Junho faríamos anos. Ou melhor, faremos. Embora não os comemore da mesma maneira, vamos juntos festejar, juntinhos. Um dia, como prenda, novamente Tu. Impossível, dizem muitos. A vida termina aqui, é simplesmente terrena. Quem me prova isso? Se não existem provas do Céu onde estão as provas do vazio do nada, da morte cruel? Ambas as teorias não têm provas. Sabemos apenas que um dia iremos, justamente para esse lado onde já te encontras. A mnorte pode nem ser bem a morte. A morte até pode ser a fronteira da verdadeira vida.

terça-feira, 10 de maio de 2011

O meu silêncio...


Se o meu silêncio não te diz nada de que serviriam as minhas palavras? A vida é curta demais e por vezes usamos tanta palavra e menos acções. Gosto das pessoas que me escutam e compreendem, sem por isso ter de me justificar ou explicar. Apenas eu...

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Carta a Deus


Dizem que um dia estaremos todos juntos nesse paraíso projectado por tantos homens e que nessa altura seremos compensados pelo bem que fizemos na Terra. Desculpa meu Deus, mas, por vezes, não te entendo. Metade de mim identifica-se e acredita no que se apregoa sobre Ti e a outra metade faz uma pausa nas reticências, chegando mesmo a ficar triste porque gostaria que muitas coisas daqui fossem bem diferentes...
Se um dia irá existir aí a justiça porque consentes que exista aqui a injustiça? Qual é a razão de só alguns serem pobres, discriminados, lançados às arenas dos mais poderosos? Onde estás tu nesses momentos?
Metade de mim é amor e a outra metade é dúvida. Já nem sei bem onde te descobrir para encontrar respostas à segunda metade de mim. Por vezes, desejo percorrer o mundo em toda a sua extensão e encontrar-te. Mas sei que não é aqui que te encontrarei. Então, onde te surpreender e poder questionar sobre tanta coisa?
Uns trabalham muito e pouco recebem, enquanto que outras pessoas nada ou muito pouco fazem mas recebem fortunas;
Uns sofrem privações, perdas irrecuperáveis, enquanto que outras pessoas vivem uma vida a desfrutarem de quem amam, intocáveis do sofrimento;
Uns passam fome e sede todos os dias, muitas vezes até morrerem, enquanto que outros esbanjam fortunas, refeições que estragam por mais não lhes apetecer, tão enpanturrados que estão.
Uns não têm registo civil, não têm direitos, enquanto que outros têm títulos, nomes importantes e são reconhecidos na sociedade.
Meu Deus, escrevo-te para que alteres tantas assimetrias. Confesso que penso muitas vezes que Tu, como criador supremo, não terminaste o teu serviço por cá. Investe novamente nesta obra incompleta. Muitos escrevem textos bonitos sobre a igualdade que nunca existiu, sobre o bem que não se sente, sobre as oportunidades de vida que são utopia para tantos habitantes terrenos.
Peço que venhas cá novamente e aperfeiçoes a nossa existência. Viver, por vezes, é uma consequência, uma rota difícil de cumprir. Não nos desvies do perigo mas antes elimina-o. Dá-nos força para acreditar que é possível. Confere a todos a regulação da sua existência sobre a Tua existência... Se acreditamos que és a perfeição e exemplo, peço-te que faças este mundo igualmente perfeito e com melhores exemplos.

domingo, 10 de abril de 2011

Crianças na Assembleia da República, precisam-se!


Os políticos não sabem entender o valor das crianças. Precisamos de políticos simples, honestos, directos, autênticos e com sentimentos verdadeiros. O ser humano cresce e esquece o seu histórico de menino, daqueles tempos em que os verdadeiros valores existiam.
Os meninos foram avançando na idade e ao seu lado o desejo materialista, egoísta e tantas vezes indiferente aos outros, fez deles obsecados pelo poder, por chegarem muito mais longe que todos os outros. A corrida é apenas do eu. Os outros são mero cenário ou então a forma de se subir na vida. Ignoram os actos heróicos das suas gerações passadas onde se subia a pulso, vendendo terrinha a terrinha, sem contratos, tudo acertado de boca. Sim, naquele tempo valia mais uma palavra dada que hoje um contrato assinado.
O homem ainda não descobriu que a actividade política pode ser das mais dignificantes. Mas precisa de humildade, partilha de ideias e projectos. É uma confusão total verificar que muitas vezes existem boas ideias para o País mas são chumbadas porque estão em minoria. Outras, ideias tão fraquinhas, passam, são aprovadas, apenas porque existe a maioria parlamentar. Terá isto nexo?
O TGV, o futuro aeroporto, tantas obras faraónicas, ainda farão sentido neste contexto de crise? Teremos de ser governados por crianças? Sim. Elas, olham para nós, agem de forma concreta e pura, não fazem nada para nos magoar ou prejudicar. E os actuais políticos? Que fazem?
Brincam com o nosso dinheiro público, roubam-nos, ocupam cargos sem o mínimo profissionalismo, inventam departamentos e organismos do Estado para se servirem, entregam obras pela necessidade de facturação dos seus amigos e esquecem todas aquelas que verdadeiramente são precisas para a população. Onde está a decência da profissão política? Quando veremos crianças a darem formação aos catraios um pouco mais crecidos, que do alto da Assembleia da República, apenas representam teatrinho de segunda. As peças, muito mal estudadas, descoram pelo seu mau gosto. Deveriam ter outras representações: ouvir os cidadãos, apurar ncessidades, estudar soluções, encontrar obras livres de corrupção, legislar, legislar, legislar, projectar, projectar e projectar... Para isso é que foram eleitos, não para troçarem uns dos outros, para disputas de um nível tão baixo, de ataques e contra-ataques pessoais ou partidários. São uns palhaços sem estarem pintados de cores vivas. Aliás, uns palhacitos que só apenas usam o preto, tão negro que todo o verde de esperança que possa existir está submerso de manchas tais que difícilmente desaparecem. Só se for um detergente dos bons, tão bom que levará tanto tempo a actuar, lavando, desinfectando, dando nova cor às atitudes políticas.
A classe política é comparável a uma linda sobremesa que na vitrine iluminada parece tão fresquinha. Depois de servida, corremos para a casa-de-banho, tão estragada que estava a suposta guloseima supostamente dentro da validade. Os políticos estão estragados, tão estragados que dá vontade de vomitar.
Sempre disse aos meus amigos que um dia até gostaria de ter uma experiência mais intensa na política. Já o fiz e sinceramente não gostei. Por isso saí. Mas, se o cenário actual mudasse, bem que gostaria de servir o meu País, a causa pública. Neste contexto, só uma pessoa de pouco senso o aceita, ou então os que não têm escrúpulos. Para nos queimar com a injustiça, para se estar exposto a boatos de podridão, para ser subserviente aos banqueiros, aos gigantes da economia... Isso não quero.
Precisamos, tal como no futebol, que as crianças povoem a Assembleia da Repúiblica. Necessitamos apenas que os políticos percebam que não governam apenas para eles mas também para as futuras gerações, onde também podem estar incluídos os seus filhos. Mas, até isso esquecem. Nos jogos de futebol, para promover o desporto desde tenra idade, mas também para não instigar a violência nos estádios, as crianças servem para que os corações percebam que é delas o futuro. Porque não estão mais presentes os pequenitos nos assentos parlamentares? Precisamos dos pequenitos para governar à grande porque os mais grandes são tão pequenos, quase rasteiros na sua governação.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Na vida, não há impossíveis. Só na morte, não voltamos à vida terrena!


O ser humano sonha encontrar para si mesmo cenários perfeitos, pessoas ideais, com uma vida exactamente ajustada ao que se quer no momento. Actualmente, pouco ou nada se projecta em conjunto, partilhando esforços, ultrapassando ventos e marés. Tudo se quer natural, fácil e de acordo com aquilo que mais satisfaz naquele instante.
Aquela pessoa que parece preparada ou disponível para oferecer o sonho, a materialização do agradável momento, ou até mesmo aquela que promete ou diz o que nunca foi… essa sim, muitas vezes vinga. O ser humano já não tem paciência para ensinar, para comungar passagens difíceis dos outros.
Conheço algumas histórias de excepção (poucas). Pessoas que mesmo numa realidade difícil, num contexto que lhe mostrava um cenário quase impossível, porque ficaram, porque apostaram, porque acreditaram, conquistaram a vida que desejavam!
Conheço outras pessoas que só olharam para o momento. Apenas aquele fragmento de segundo em que compraram o sonho, ou simplesmente o que mais queriam/idealizaram. E enganaram-se. Muitas vezes só descobrem o erro muitos anos depois. Nesses mesmos anos, as que realmente se predispuseram a construir, ganharam a certeza absoluta que foi esse o caminho certo, por mais que tenha parecido impossível. Na vida, não há impossíveis. Só na morte, não voltamos à vida terrena.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Estou no desfiladeiro a ver o mundo...


Neste desfiladeiro, procuro um canto sobre a montanha. Daqui, vê-se o mundo por completo. Do norte ao sul, todos os extremos do universo eu avisto. Vejo pessoas a passar, de um lado para o outro, correndo, muito à toa, neste sítio chamado Terra.
Sento-me numa beira, no cume da montanha, e vejo vultos a transportarem televisões avariados para o lixo. Lembrei da vida de outros tempos. Antigamente, quando as televisões avariavam, eram reparadas. Agora, vão para o lixo. Assim se vive nos dias de hoje. Vejo que estamos afastados uns dos outros, indiferentes, longe dos sentimentos, exactamente como as televisões avariadas. Ou seja, colocamo-nos a nós próprios no lixo.
Caminhando mais um pouco na montanha, um esquilo empoleira-se num ramo de uma árvore a fitar-me. Anda de um lado para o outro, procurando chamar a atenção. Percebi... A bolota caiu e ele quer espaço para poder descer em segurança. Talvez tenha medo de mim. Pergunto-me, porque será que os animais nem sempre percebem quando os humanos não lhes querem fazer mal? Devíamos usar linguagens universais. Mas nem nós, humanos, nos queremos relacionar entre as gerações de todos estes lugares que avisto daqui. Do extremo norte ào extremo sul do Planeta, ninguém se entende. Não deveria ser assim. Do inglês ao francês, do japonês ao português, do espanhol ao alemão, do chinês ao tailandês, assim sucessivamente...
O mundo é constituído por um todo, de forma ordenada, com uma lógica. O homem, quanto mais evoluiu no tempo, mais interventivo foi, modificando até chegar a fronteiras perigosas. Até a própria espécie humana está em perigo, com os instrumentos de alteração genética, da clonagem, da programação e escolha de como queremos que as gerações seguintes nasçam.
É profunda a mudança. Se dizemos que mudamos para melhor, porque será que nos sentimos cada vez mais vazios, menos solidários, mais solitários, frios, indiferentes, no fundo, mais desumanos? Uma contradição profunda. Se evoluímos tanto no conhecimento, na técnica e na tecnologia, porque não usamos esses instrumentos para o bem humano?
Daqui, deste alto, onde não tenho nada de tecnológico, vou me abrigar lá do baixo. Proteger daquelas evoluções que me afastam da essência do ser. Vou colher os frutos silvestres, agasalhar, fazer uma fogueira na gruta, e reconlher-me das velocidades alucinantes do mundo lá de baixo. Aqui, embora no cimo, estou mais protegido, desse desgraçado desenvolvimento que nos escraviza.
Paro e ouço o vento... Uma voz me diz baixinho... Vive!!! Mas, o vento não fala. Quem seria?

domingo, 6 de março de 2011

Último desenho da Eduarda


Na dia do seu falecimento a Eduarda deixou um legado que no mínimo coloca-nos a pensar... A menina de Sempre costumava fazer desenhos coloridos, transmitindo sentimentos bons, de família, com elementos da natureza (pessoas, árvores, flores, passarinhos e borboletas) e casinhas. Mas, este desenho que apresento no blogue que a homenageia, estranhamente, foi pintado de preto e sem qualquer pessoa... Porque terá sido? Que mensagem poderemos tirar desta ocorrência? Foi uma mera coincidência? Porque levou a sua vida inteira a pintar a cores e no dia do seu falecimento resolve fazer um desenho sem ser colorido?

Se alguém me conseguir revelar uma pista eu agradeço porque não consigo encontrar explicação para o sucedido...

Aqui está o que prometi na TVI. A publicação desse desenho. Peço desculpa pelo atraso. Agradeço também aos inúmeros contactos que tenho recebido de pessoas muito queridas. Com algumas, quem sabe não nascerá alguma amizade, num espírito de partilha, de entrega?...

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

És luz...


Na escuridão não conseguimos atingir qualquer objectivo. À deriva, figuramos como invisuais, perdidos numa dimensão sem sentido.
Desde que soube que existias transmitiste luz. Tão clara, tão forte, tão esclarecedora de tudo. A tua dimensão é comparável a um archote que mesmo nos tempos onde não existia a electricidade, se traduzia em chama viva, quase como que se de comida se tratasse. Naqueles tempos idos, lá longe, sem os contadores da EDP, a chama da tocha, foi ambiente de muitos romances, de encontros entre Príncipes e Princesas, de nascimentos como milagre humano, de possibilidade de se cruzarem caminhos ou ruas sem o apavorante escuro da noite.
Sim, és luz. Na minha vida serás sempre dia. Não existe noite na tua dimensão. Percorro os meus dias, nessa chama ardente, num brilho que transcende qualquer compreensão humana. Mesmo conhecendo-te de perto por tão pouco tempo, mesmo sabendo que tanto existia a dividir, ÉS LUZ, SERÁS SEMPRE A MINHA LUZ.
Os teus raios descem sobre mim, completam-me numa noção fundadora da vida que se repete em cada instante. Provavelmente tudo estará ainda para começar. Tudo poderemos recomeçar, num ponto de partida achado por nós, de forma determinada e iluminada. Só saber que existes sinto luz, com tanta intensidade e verdade.
Um dia, num jardim, quer seja de dia ou de noite, quero sentir esses raios sobre mim. De mansinho, contemplarei a tua beleza, iremos juntos a correr junto daquele riacho, onde os peixinhos dançam ao som dos nossos passos, vindo ao de cima da água para também eles viverem a nossa luz. Sim, a nossa luz. Na verdade, sem Ti, não me sinto tão iluminado, mesmo sabendo que os teus raiosinhos me projectam cor e força. Mas contigo, verei mais longe, perceberei que existir é uma dádiva de Deus. Entenderei que por um minuto apenas que tivesses comigo neste lado da existência, vale a pena a minha existência para saber que estiveste comigo, mesmo nesse repentino mas tão significativo instante. Preciso de Ti, da tua Luz, sempre.

Joaquim Santos

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Entender caminhos terrenos e os daí…


Sonhei um dia conseguir descrever tudo o que sentia.
Descobri uma forma de o fazer, revelando o meu melhor lado.
De olhos abertos, abri a janela e os raios de sol despontam.
Eras tu que me iluminavas, mesmo no mais tímido momento da manhã.
Mesmo nas noites sinto uma luz presente, tão iluminado fico com o seu foco.
Talvez sejas tu em forma de lua, numa projecção de branco entre o escuro.
Chegas sempre tão perto de mim, com tanta brilho, num manto de esperança.
Nasci no século de guerras mundiais, de uma reviravolta nas regras da vida.
E tu, de soslaio, vieste no século das tecnologias, mas nem elas te souberam salvar.
Foste sem avisar, sem dizer mais nada. Tanto que ficou para dizer.
Abandonado fiquei, abandonado estou. Quieto mas com esperança.
Deus só pode existir. Esse Ser superior, o construtor que um dia se entregou.
Porventura deixou um mundo incompleto. Continuam coisas por perceber.
Existem realidades a modificar, que ainda magoam, doem sem desdém.
A dor da partida ainda poderá colocar a nu o trabalho incompleto de Deus.
Ou talvez não.
Poderá ser uma passagem, feita por locais do desconhecimento do homem.
Uma viagem que nos leva até lá, àquele lugar onde existe quem nos espera.
Agora, tu estás aí, eu aqui. Por vezes estou impotente. Outras fico compreensivo.
Triste e alegre, pobre e rico, tolerante e intolerante… Quem nunca ficou assim?
O ponto final será sempre o final de uma frase?
Não, eu consigo recomeçar. Recomecei. Tenho de ir…
Tenho estado a pensar muito. Nunca subestimei a tua existência. Sei que vives.
Talvez não te encontre por aqui mas em breve talvez nos cruzemos por aí.
Já que foste, sem bagagem, sem as coisinhas que deixaste aqui, mesmo as predilectas.
Só por isso eu sei que não foi uma despedida. Não irias assim.
Entre essas coisas, sei que colocavas em primeiro plano a tua família. Eu, mamã, todos.
Sim todos. Não distinguias ainda o bem do mal. Por isso todos entravam no teu mundo.
E agora, de olhos abertos continuo a ver-te.
Abro a janela do quarto. De noite uma lua sorridente e de manhã o sol brilhante.
És tu. Como uma bateria recarregada, quase a dizer-me ao ouvido: vai e vive.
É o que faço.
Eu vivo porque vives.
Ainda vivo porque vives.
Viverei sempre porque és a minha maior certeza da vida.

Joaquim Santos, na casa da tia Patrícia, do tio Caco e do priminho João
Colmeias, 5 de Fevereiro de 2011

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A Construção da Personalidade Criadora

A harmonia do comportamento social requer, todos o sabemos, tanto o isolamento como o convívio. Excessiva comunicação, debates exagerados de assuntos que requerem meditação e peso moral, avesso muitas vezes à cordialidade natural das afinidades electivas, não enriquecem o património de uma sociedade. Antes embotam e alteram o terreno imparcial da sabedoria.
A solidão favorece a intensidade do pensamento; por outro lado, torna de certo modo celerado o homem que lida com a força material, com a técnica, com os outros homens. O impulso é a força que actualiza estas duas atitudes. Os ricos de impulso que se prontificam a uma reacção agressiva ou escandalosa, esses são associais especialmente difíceis. Todo o revolucionário é associal, se o impulso for nele um desvio da vida instintiva, e não uma atitude de homem capaz de obedecer e mandar a si próprio.
«A felicidade máxima do filho da terra há-de ser a personalidade» - disse Goethe. Personalidade criadora, obtida à custa do ajustamento das nossas próprias leis interiores, que não serão mais, no futuro, forças repelidas ou encobertas, mas sim valiosas contribuições para o tempo do homem. Quando tudo for analisado e conhecido, só o justo há-de prevalecer.

Agustina Bessa-Luís, in 'Alegria do Mundo'