COMO A PRÓPRIA EDUARDA DIZIA "MÃE TU ÉS A MINHA ESTRELA CINTILANTE"
AGORA PASSOU A SER A EDUARDINHA, A ESTRELA CINTILANTE QUE BRILHA BEM DO ALTO DOS CÉUS

domingo, 16 de novembro de 2008

Eduarda... Uma luz

Num dia de escuridão
Uma porta se fechou
Veio um carro e retirou
O que a vida delegou

Largas-te a tua brisa
Deixaste uma canção
Os momentos vividos
São eternos na paixão

Os carros trazem tristeza
Conduzidos na imprudência
Ninguém imagina a dor
De ver partir a inocência

Para sempre irás ser
Uma criança feliz
Teus olhos e sorrisos
Teu forte amor num bis

Que outras crianças não caiam
Nessa teia da estrada
A ferida que fica dói muito
Nossa inesquecível Eduarda

És exemplo e referência
Numa luz que conduz
Uma alma peregrina
Junto do menino Jesus

És saudade e presença
És amor e carinho
És a Eduarda de Sempre
Nos destinos do meu caminho

És memória para sempre
Solta-te no vento das prosas
O rebento da tua mãe
Num belo jardim de rosas.


Joaquim Santos
13 de Novembro de 2008

Eduarda… Ponte de partida

Chegou… um ponto de partida de tudo
Pois sei que nunca irás embora.

Com as tuas bonecas e castelos
Com os contos de fadas no imaginário
Com as flores dos jardins
E o baloiços que te faziam voar.

Chegas-te… como um elo que sempre irá ser
Viajando por todas as fronteiras do tempo.

Com as barbies e as suas histórias
Com as corridas sem fim
Com o sorriso e as nossas lembranças
E toda a vida que ainda fazes sentir.

Viveste… portadora de uma mensagem
De um regalo tão belo no olhar
De uma onda de esperança deixada
Que um dia tudo existe a recomeçar.

Por isso vives e viverás
Amas e amarás
Cantas e cantarás
Danças e dançarás.

Sempre… para sempre…
Oh pequena dos mil sorrisos
Oh pequena dos mil improvisos.


Joaquim Santos
Maio de 2006

Memória

Texto feito na madrugada do dia 13 de Novembro para o Dia da Memória, evocado à Eduarda de Sempre, uma menina que se tornou estrela no dia 18 de Maio de 2006


Se algum dia te fizerem levantar e correr, procurando pelo, agora, impossível, sentirás uma dor intensa, que crescerá. Correrá uma lágrima. As seguintes formarão um rio. Verás que a memória reside aí, nesse preciso instante.

As memórias são momentos do passado. Todos temos memórias e todos seremos memórias.

Olha para trás ou para tudo o que te rodeia. Não corras, não passes o traço, lê os sinais, respeita quem te surge no caminho. Não vale a pena correr no teu Fórmula 1, naquela recta que estimula o velocímetro e a emoção de um acelerador leve.

Se algum dia te fizerem levantar e correr, aí sim, irás correr, mas para a tristeza e a dor. Só nesse momento verás que não vale a pena correr, porque não chegas a lado nenhum.

Pára. Olha para o mundo, vê quem está à tua esquerda e direita. De mansinho, avança, continuando a olhar. Vai devagar.

Se algum dia te vier à memória um ano, dois anos, três anos… Se algum dia conseguires ver à tua frente que não é bom correres para o nada, entenderás que viverás melhor e chegarás em segurança.

Concentra-te nesse vínculo da vida, a memória. Neste tempo presente, onde os sinais nos mostram cada vez menos memórias registadas, prostra-te sobre o olhar do Céu, sobre a luz de uma Estrela. Escuta o que ela te diz. Observa-a atentamente. Verás que essa estrela é tua amiga, talvez a tua memória. Nesse dia, pede-lhe que te faça entender que todos juntos poderemos tornar este mundo melhor.

Sorri para essa estrela e sente-a com intensidade. A luz que irradia, talvez te inspire para continuares esta jornada, marcada por memórias sem cor, desenho e escrita. A memória é feita de imagem, gravada no Ser de cada um, absoluta companheira de todas as horas.

Ainda é tempo. Trava, modera e pára. Ninguém quer ser esquecido. Todos queremos ser memória das gerações vindouras, especialmente dos que mais amamos. Mas é preciso entender o respeito pela Natureza. Deixa que ela opere, não sejas interveniente irresponsável.

Deixa que a memória surja no tempo certo. Não queiras ser interveniente, mas espectador atento. Não provoques a memória, porém, aceita-a quando ela chegar no seu compasso.

O Homem tem de aprender a não mexer, alterar ou mudar o rumo dos acontecimentos que não lhe compete operar.

Se nalgum dia te fizerem levantar e correr não o faças de qualquer modo ou feitio. Não chegarás a lado nenhum e se alguma vez chegares pode até nem ser pelos teus próprios meios… Poderás já ser uma memória.

Joaquim Santos

terça-feira, 11 de novembro de 2008

As folhas de Outono



Neste Outono, onde sentimos muito mais o vento, somos convidados a uma introspecção dos sentidos. É preciso olhar os sentimentos, redescobrir o brilho, alterar alguns caminhos e trilhar outros já percorridos, olhar para trás sem deixar de olhar para a frente e com muito fôlego falar com os nossos filhos.
Não sei se sou merecedor de chegar onde já está a minha filha Eduarda. Nos meus dias, tal como muitos de vós, partilhamos de acções que nos orgulhamos mas outras nem por isso. Confesso que desde o dia em que a minha filha partiu, sinto que evolui imenso, tornando-me melhor pessoa. Apesar desse estado, mesmo assim, nem sempre consigo estar como melhor desejava. Penso importante reconhecermos isso.
Neste Outono quero pensar mais, chegar mais longe. Convido-vos a irem comigo nessa viagem, ajudando-nos todos uns aos outros, com humildade e carinho. Não vale a pena estarmos aqui com outros preceitos, com jogos e jogadas, com códigos diferentes que nos possam conduzir ao bem.
As folhas caem das árvores e enchem as florestas e os jardins. É assim. Não há nada a fazer. Esta queda das folhas, normalmente castanhas, depois de um verde tão vivo, talvez seja um dos melhores exemplos da vida humana. Caímos e partiremos todos, mais cedo ou mais tarde. Também existem folhas que prematuramente também caem das árvores em estado verde, bem novas na sua existência. Em muitos casos, talvez signifique a perda de filhos da árvore de forma precoce. Ou porque apanharam mais vento ou porque a haste onde estavam partiu, o certo é que de forma nada natural e esperada, muitas folha verdes continuam a cair das árvores.
A natureza é perfeita em mensagens. O que nos quer dizer este Outono que nos remete para o vento, para o agasalho protector dos casacos e que de quando em vez, nos revela folhas verdes a cair das árvores? Não estará triste aquela árvore que despida da sua folhagem se torna mais pobre?
Neste mês de Novembro quero destacar todas as folhinhas verdes que um dia partiram. Os nossos filhos foram essas folhas que voaram da nossa presença, tornando-se nas estrelas que nos iluminam e guiam. É por isso que quero sair à rua e sentar num banco, falando com as árvores, também elas inibidas das suas folhas. Num jardim da cidade ou na floresta, também as árvores podem derramar lágrimas da ausência das suas folhinhas. Por alguns momentos, vão ser elas a minha companhia.
Quero também reconhecer que quero melhorar como ser humano. Construir e reconstruir, com a minha filha, minha família, amigos e… as muitas árvores e folhas deste Outono.

Joaquim Santos
p.s. imagem retirada da net