COMO A PRÓPRIA EDUARDA DIZIA "MÃE TU ÉS A MINHA ESTRELA CINTILANTE"
AGORA PASSOU A SER A EDUARDINHA, A ESTRELA CINTILANTE QUE BRILHA BEM DO ALTO DOS CÉUS

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Mensagem para quem deixei...


Mãe e Pai

Não envelheci como uma árvore caduca, como a erva seca e castanha, como todos os seres que enfraquecem e a pele envelhece. Fui mais cedo para um lugar onde nenhum radar me capta. Voei tão alto que nenhuma nave ou sonda espacial me alcança. Estou onde ninguém consegue saber ou imaginar o quanto é belo e aprazível.



Aqui já não choro. Não tenho dor. Não vivo na incerteza. Sou envolta de alegria por sentir paz, repleta de força de vida porque já não sofro e tenho absolutas certezas porque só aqui conseguimos atingir esse estado. Aqui tudo é certo. Verdadeiro. Autêntico.

Por isso não sofram. Não vos quedeis. Não lamentem. Deus prepara a vida com lógica. O tempo para cá chegar é diferente entre todos nós mas tem um sentido. Todos cá chegamos. A única diferença é que uns levam mais tempo e outros devem esperar. Uns têm subida directa e outros respondem primeiro pelas suas jornadas de vida.


Deus não castiga. Ao contrário do que dizem. Apenas questiona e nos adverte. Em seguida, abre os seus braços bondosos, abraça-nos e trata-nos como mais um filho que ascendeu a Ele.

Não morri, antes vivo. Não sofri, antes desfruto do prazer da vida. Não quero regressar porque sei que em breve estarão aqui comigo e só nesse momento terão esta certeza que vos relato nesta missiva do Céu.

Por isso não temais.
Eduarda

Tarde de emoções fortes, pela Eduarda de Sempre




A homenagem... num lago de amor

As lágrimas e os aplausos misturaram-se, de forma mágica, na torrente de emoções fortes que inundou o coração de cerca de setecentas pessoas, no passado domingo, dia 16, no teatro José Lúcio da Silva, em Leiria. Com a sala completamente lotada, esta foi uma tarde de homenagem, de beleza e grandiosidade, e de sentimentos que podem resumir-se, todos, no amor.
A homenagem foi dedicada a Eduarda Santos, uma menina de 5 anos que tragicamente perdeu a vida, em Maio do ano passado, e a quem os pais quiseram oferecer este presente, como tributo do amor que permanecerá para sempre. Porque acreditam que, como “estrela que voou para junto de Deus”, continua presente nas suas vidas, inspiradora de cada momento, como “uma fada a tocar permanentemente o coração daqueles que com ela se relacionaram em vida”. Por isso lhe chamam a “Eduarda de Sempre”.
A beleza e a grandiosidade foram os elementos que encheram o palco, com o magnífico bailado “O Lago dos Cisnes”, de Tchaikovsky, pela academia Annarella. Cerca de 150 bailarinos – crianças, jovens e adultos – transportaram os presentes a um universo de cor, movimento e graciosidade, que a todos tocou profundamente e motivou a abertura dos sorrisos e dos aplausos. Numa história que culmina na vitória do amor sobre todas as dificuldades e imprevistos, este bailado foi, sem dúvida, o enquadramento perfeito para esta tarde. A pequena Eduarda faria parte do elenco. Como recordou, emocionada, a sua professora de dança, Annarella, “a lindíssima expressão corporal da Eduarda, a sua vontade de inventar danças novas, o seu espírito de amizade contagiante, a estrela cintilante do seu sorriso – uma recordação que guardarei para sempre do seu último ensaio – estarão presentes no palco e darão a todos a força e o ânimo para darem o seu melhor”. Quem assistiu a esta grandiosa produção pôde confirmar essa verdade, no profissionalismo dos protagonistas, na beleza das coreografias e, sobretudo, no rosto cândido e feliz das suas pequenas companheiras de bailado.
O amor dos pais Cristina e Joaquim Santos pela sua filha Eduarda de Sempre foi, assim, embalado pelo sentimento comum de esperança, solidariedade e ternura que todos quiseram demonstrar. Emília Agostinho, presidente da associação “A Nossa Âncora”, para a qual reverteram os fundos do espectáculo, salientou isso mesmo: “Esta é também uma homenagem a todos os nossos filhos, que partiram cedo de mais, mas permanecerão sempre vivos no nosso coração”.
Cada um dos que nos sentámos naquela sala, entre uma lágrima de emoção e um aplauso vibrante, sentiu nesta homenagem à Eduarda, com toda a certeza, essa verdade. A vida terrena é apenas uma passagem para o Eterno. E só faz sentido se for vivida como bailado grandioso num lago de amor.

Luís Miguel Ferraz
Publicado na Edição 4673 do jornal “O Mensageiro”

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Eduarda, a cintilante...


Descrever a Eduarda com as palavras, frases e as formas possíveis...

Se palavras houvessem que pudessem descrever o que foi e o que representou a Eduarda, com certeza que extravasavam todos os limites das mais belas criações literárias. A descrição pura mas simples de uma menina que viveu quase seis anos no mundo, só é possível fazê-la com algumas somas de precisão, com resquícios de fragmentos de uma existência bela entre as mais belas.
Não há em número suficiente, as formas de descrever com perfeição a Eduarda. Vai muito além das palavras, frases, obras de arte, fotografias ou outras formas de testemunho. O sentir é um dos deixados mais lindos daquela menina. É justamente através dele, que encontramos a forma mais perfeita de a descrever.
A Eduarda de Sempre lançava para o mundo sorrisos. Comungava e dividia felicidade. Procurava adoptar e agregar as suas brincadeiras com os outros. Dava toques ilimitados de uma representação de qualidade na dança, conjugando a música como um vigor forte da sua imponente expressão corporal. De tudo gostava de ouvir e dançar: ballet, música latina, música oriental, pop, estando actualizada nos seus gostos com os últimos sucessos da Madonna, Black Eyd Peace ou a Melanie C.
Mas os seus toques e mensagens permanentes de amor foi o destaque de uma Eduarda que teve um objectivo definido e que o conseguiu cumprir como poucos se podem orgulhar. Talvez como Cristo, os seus apóstolos e muitos outros Santos que ficaram registados no mundo, com o que de muito bom propagaram na Terra, também a minha filha registou os seus propósitos nos muitos corações de pessoas apaixonadas que com ela brincaram, saltaram, riram, dançaram, estudaram, passearam… Este foi o mais importante assento desta menina. Mas não é só nos corações dos muitos amiguinhos que ela vai ficar. Orgulhosamente ficará nos anais da história, com estes Cadernos Eduarda. Esta colecção é um testemunho vivo da exponencial vida desta menina querida. Este caderno número três é a continuidade do pouco que consigo expressar para o muito que a Eduarda fez nesta vida. Vou bradar aos Céus, gritar para sempre ao mundo, agradecendo a Deus por toda esta verdadeira maravilha. Bem sei que todas as crianças são especiais e que apesar de tudo posso ser conduzido pelo sentimento paternal e também por ter visto partir uma filha. Tenho o discernimento suficiente para o reconhecer. No entanto, fui observador atento da sua conduta e se já me interrogava, hoje continuo a ter muito mais esse sentimento. Que menina foi aquela, que tinha atitudes consideradas em estar com os mais pobres, com as meninas e os meninos sem descriminações, que defendia acerrimamente a paz em geral, quer entre os mais crescidos ou os mais pequenitos e fazia da brincadeira como a solução de tranquilizante extraordinário para espalhar nobreza de carácter.
Vivo e viverei sobre a estampa especial da Eduarda. Que o Universo saiba que a menina popular mas tão majestosa nos seus actos, deixa uma missiva para os séculos dos séculos. Delega uma aprendizagem em que os humanos do futuro devem assumir se querem viver felizes e livres: Amor. Este sentimento tão desejado é o único caminho que pode conduzir para se obter uma vida com mais sentido, mesmo sabendo que a missão da existência está sempre por cumprir. Aguardo, espero que todos nos tornemos compatíveis neste processo de transformação que tanto necessitamos para crescer e coabitar neste Universo. O amor não custa dinheiro, não pode ser negociado, não está sujeito a aprovações de leis, não é regulamentado, não tem estatutos e muito menos poderá ser trespassado quando e como se quiser. O amor nasce e desenvolve-se quando nós conseguimos viver com verdade e entrega. Nós adultos não conseguimos viver desta forma com guerra, injustiça, fome e perseguições. A Eduarda de Sempre demonstrou um ciclo de vida fascinante, colocado entre o mais alto dos pedestais. Tudo se resumiu à apreciável palavra que teimosamente nos deixou como tesouro: Amor. Com este valor vimos que o mundo é feito de todos e para todos. As crianças são a sede do amor, a morada da sua contemplação e a certeza de que o recebemos de forma pura. O compromisso selado com a minha filha é de testemunhar pela vida fora todo o Amor que me deixou. Irei pelos milhões de caminhos da terra para pintar este cenário do sentimento que é a chave e solução da salvação da humanidade. Este é o sentido claro do meu ciclo, do meu trilho a seguir. Para sempre.

Joaquim Santos

sábado, 2 de fevereiro de 2008

ESTRELAS QUE VOAM PARA OS CÉUS

"Falar da obra “Estrelas que voam para os céus” é, antes de mais, fazer uma viagem introspectiva pelos insondáveis caminhos da espiritualidade e da fé.
São páginas carregadas pelo nebuloso véu da tristeza, do choro e da solidão; são páginas imersas pela frialdade do desassossego e da raiva; são páginas onde a culpa, a ansiedade e um indescritível entorpecimento avassalam os sentidos, como uma onda provinda de um imenso oceano de dor, a quebrar no sequioso areal da saudade.
Há, no entanto, um rasto de luz, maior do que todas as luzes, a iluminar as palavras que os nossos olhos, ainda que turvados pela comoção e pelas lágrimas, desejam ler de um só fôlego. Pode dizer-se que esse fulgor, tão cheio de cintilância, se assemelha a um retalho de céu, coalhado pelo esplendor das estrelas mais lindas. São estrelas que, ao virar de cada página, deixam, misteriosamente, nos nossos corações, uma qualquer oração concebida pela magia que só os anjos possuem.
A finitude da vida terrena encontra, no ilimitado espaço sideral, uma eternidade divinizada pelo amor daqueles que viram os filhos partir, rumo a essa jornada que a todos nos aguarda.
Embora dependendo do contexto sociocultural, é ponto comummente aceite que a religião pode influenciar o sentido da vida e da morte. Através da devoção em Deus, inúmeros pais desenvolveram uma espiritualidade superior, muitas vezes, distinta das crenças e dos ritos, secularmente instituídos pela religiosidade.
A fé é, aqui, uma força organizadora, capaz de emprestar sentido à existência humana, não só a estes pais, mas aos leitores desta obra.
É, assim, possível afirmar, mediante o relato dos testemunhos descritos, que quanto maior for a espiritualidade, mais facilmente se ultrapassa o sofrimento. Pode-se também acrescentar, com inegável certeza, de que quanto mais fortes forem os laços estabelecidos, maior será o sofrimento perante uma desvinculação.
Apesar das incontáveis descobertas científicas e tecnológicas, a morte permanece um enigma, que o Homem se vê incapaz de desvendar ou de sequer vencer. Quando muito consegue adiar esse momento fatídico.
Isto remete para uma questão muito mais complexa, que faz com que a vivência da morte, apesar de variar de cultura para cultura, de família para família e até mesmo de pessoa para pessoa, seja considerada, por grande parte da humanidade, como um tabu, algo de temível.
Biologicamente, a morte é o término de todas as funções vitais. Contudo, sob uma óptica social, cultural e ainda psicológica, o Homem possui faculdades cognitivas que lhe permitem entender a inevitabilidade deste estado e, por consequência, de o temer.
Esse receio resulta de um tabu social, porquanto se existisse uma maior proximidade com a própria ideia de morte e com o lado espiritual da vida, provavelmente esta não seria considerada como algo tão sinistro.
“Estrelas que voam para os céus” traduz uma compilação de testemunhos variados, de pais que perderam os seus filhos das mais diversas formas. Esta é, indubitavelmente, a maior das dores humanas. O suceder de um pai a um filho, é encarado como antinatural. Quase como se fosse um ultraje à vida, a planta poder sobreviver à semente que gerou.
Apesar de haver uma certa universalidade no processo de luto de cada um, este é, no entanto, marcado pela maneira como cada pessoa, dentro de uma certa vivência cultural e espiritual, o experimenta na sua individualidade. Ou seja, cada ser humano deve ser entendido na sua necessidade pessoal, com as suas reacções – fisiológicas, cognitivas, emocionais e comportamentais – e características próprias.
Como análise geral aos depoimentos insertos na obra atrás referida, sobressaem alguns factos comuns à maioria dos progenitores.
Imediatamente a seguir à perda, estes parecem entrar numa espécie de estado de entorpecimento, caracterizado por uma dolorosa angústia e a consequente negação da realidade consumada. Depois, constata-se o anseio e a busca em torno da figura perdida. Tal facto é materializado através de impressões sensoriais e ainda na interpretação de sinais, identificados como vestígios da uma presença etérea. Numa fase posterior, a cruel realidade impõe-se finalmente. O desespero e a desorganização surgem perante as exigências do quotidiano. A raiva e a culpa afiguram-se, então, mais intensamente. Há uma procura de responsabilização pela perda sofrida e surge a impotência de não conseguir recuperar o ente querido. A par com todos estes sintomas nasce a incredulidade. Porque permitiu Deus o acontecido? Perante o mutismo dos céus irrompe a revolta e extravio da fé.
Para melhor aceitar os desígnios de Deus, é preciso buscar a força e a confiança abalada nas lembranças e nos exemplos de vida daqueles que partiram. São essas estrelas em voo pelos céus, a guiar o caminho daqueles que um dia os aninharam ternamente nos braços e lhe falaram dos anjos, com quem eles agora brincam de mãos dadas, pelo maravilhoso jardim de Deus. É essa certeza a dar alento àqueles que permanecem deste lado da vida, à espera do reencontro com os seres especiais, os quais farão indefinidamente parte de si. Só através deste pensamento é possível encontrar um pouco do equilíbrio perdido.
Após a atenta leitura desta obra, outro dos aspectos apreendidos, incide sobre a questão do apoio psicológico e emocional. A pessoa que perde um filho, muitas vezes, não encontra espaço para falar da sua mágoa com quem socialmente se cruza no dia-a-dia. Identicamente, os que lhe são próximos podem não oferecer a ajuda necessária, por julgarem que, para respeitar a dor do enlutado, não devem mencionar o assunto da morte. Com frequência, essa incapacidade de falar com quem perdeu um filho, tem como origem a própria angústia diante do tema.
Segundo as declarações de alguns pais, verifica-se que, negar ou reprimir os sentimentos inerentes à perda, intensifica e prolonga o sofrimento. Por isso, acham que conversar sobre o que se sente, ajuda.
É fundamental não erguer muros em redor de si mesmos e não se afastarem dos outros por medo de se ferirem. Se os demais não oferecem ajuda, devem ser os pais a procurá-la, porquanto, a partilha de emoções em grupos de discussão, faculta a descoberta de soluções para a apatia e para a desordem emocional, que assinalam este processo.
Surge com insistência a questão: “Depois do vazio, que sentido faz ainda a vida, se não houver uma âncora a que nos agarremos?”. E é neste contexto que surge precisamente a associação de pais em luto “A nossa âncora”.
É este o elemento unificador de todas as histórias de perda. É sob a égide desta associação que convergem todas as lágrimas de desespero, todos os olhares doloridos, todos os abraços silenciosos, todas as palavras vãs… É aqui que as lágrimas, os olhares e os abraços se unificam e se abrem à doçura da esperança!
Falar do autor de “Estrelas que voam para os céus”, remete para um pai cuja perda da filha marcou no mais profundo da sua alma. O Joaquim Santos fez desta penosa experiência uma bandeira de luta, que diariamente empunha, com toda a força de que é capaz, sob o olhar protector da sua pequenina Eduarda, sempre vigilante nos céus, onde agora habita.
O Joaquim teve a coragem de reunir nesta obra, o seu testemunho e o de outros pais, unidos por um acontecimento comum, que foi a perda dos filhos, e de fazer destes depoimentos, uma âncora pejada pela fulgurante chama do amor. Deste modo, todos aqueles que passaram ou venham a passar pela dura prova de sobreviverem à morte de um filho, podem sentir nas páginas deste livro um porto seguro, um abrigo temporário até lhes ser permitido transpor a frágil fronteira, que delimita a vida da morte.
Como escreve Rita Ferro, no prefácio da obra, “Se a morte (…), é o esquecimento, então os vossos filhos não morreram. Nunca estiveram tão vivos, tão próximos, tão dentro de vós.”. O Joaquim consegue verdadeiramente, através das lembranças de todos os pais, trazer até junto de nós, a presença dos seus filhos. Estes permanecem vivos, apenas habitam num outro lugar, longe da terra…
Assim, quando nas noites preenchidas pelo negrume da escuridão, eu erguer os olhos para o céu e o ver envolto por um surpreendente manto de estrelas a chamejar, vou saber que cada um destes astros pequeninos tem nome de gente… "

texto de Lurdes Breda

Eduarda, és a nossa Alma Peregrina...

“Vou inflamar a imaginação humana e falar sobre a pessoa que mais amo nesta vida e também acerca de um lugar sagrado que todos os seres vivos sabem que existe mas onde ainda ninguém foi. É lá que já se encontra a minha querida filha Eduarda Santos, desde o dia 18 de Maio de 2006.
... ela partiu deste mundo, da sua parte terrena, voando para o cimo celestial. Na rede da vida existem mistérios por desvendar. Infelizmente nem eu, nem ninguém, sabe ao certo o que existe para lá da existência terrena. Não queremos que os que mais amamos efectuem essa passagem. Desejamos que fiquem connosco. Mas, na verdade, a partida de muitas pessoas para a liberdade do céu, para a “terra” da abundância, acontece a todos os seres que percorrem a vida.
Acontece-nos mais cedo ou mais tarde. Foi assim com a minha querida Eduarda, quando somava apenas 5 aninhos.Mas sei que irá haver noutra dimensão um ponto de encontro. Nessa ocasião, renascerão quantidades de alegria inesgotáveis e tudo o que parece perdido neste momento estará amplamente ganho. Perante a minha impotência, a minha tristeza, mágoa e dor, deixo uma pergunta a todos os que estejam a ler este texto dedicado à minha filhinha. Para quê disputas ilógicas neste mundo passageiro?
Percebo, entendo agora muito mais, que a vida tem um valor perene. Que num determinado momento, somos transportados para a abundância e abrigo do Céu. Para um lugar divino.
Confesso que tudo parece ter ficado imóvel e silencioso sem a presença da minha Eduarda. Mas os muitos momentos bons e a esperança de que quando Deus quiser, seremos igualmente convidados a efectuar uma aproximação ao seu mundo. Conforta-me que quando chegarmos, ela estará de braços abertos para nos acolher e com o seu sorriso, o mais lindo que conheci.
Eduarda, agora, olho para o Céu, onde tu estás, e sei que todas as estrelas que avisto são enviadas por ti, para iluminarem o coração da mamã e do papá.
E que os nossos dias vão adquirindo mais cor, porque tu, com a tua magia e varinha de fada que tanto gostavas de usar, tornas todos os momentos infinitamente coloridos.
Aqui, neste espaço terrestre, sei que foste feliz. Isso também me conforta. Por isso, já sinto os teus voos rasantes a orientarem os nossos caminhos e, com o teu jeitinho especial, tens convertido o que parecia impossível na confirmação de uma felicidade, que gradualmente vai tomando lugar em nós que por cá ficámos.
Quando me levanto, pergunto o que vou e para quem fazer? Qual a motivação? Mas a convicção de que estarás bem, ajuda-me a mim e à tua mãe a recuperar do irrecuperável. Antes éramos nós que tomávamos conta de ti. Presentemente tenho a certeza absoluta que és tu a tomares conta de nós.
Neste momento, os dias e as noites parecem mais longos e difíceis. Tomamos aqueles químicos que nos ajudam a descansar e a encarar a vida. Mas nada alivia a tua falta, a saudade de ti. Mas, meu Deus, que bom saber que estás bem. Que te encontras em segurança e desfrutas lá de cima de uma visão espectacular. Protege-nos. Eduarda Santos, és a nossa Alma Peregrina.”

Extractos do artigo “Eduarda de todos os tempos”
Publicado em noticías do Colmeias

Joaquim Santos

Eduarda de sempre e para sempre...

Cada lugar teu- Mafalda Veiga

Sei de cor cada lugar teu
atado em mim, a cada lugar meu
tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
tento esquecer a mágoa
guardar só o que é bom de guardar

Pensa em mim protege o que eu te dou
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
sem ter defesas que me façam falhar
nesse lugar mais dentro
onde só chega quem não tem medo de naufragar

Fica em mim que hoje o tempo dói
como se arrancassem tudo o que já foi
e até o que virá e até o que eu sonhei
diz-me que vais guardar e abraçart
udo o que eu te dei

Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
e o mundo nos leve pra longe de nós
e que um dia o tempo pareça perdido
e tudo se desfaça num gesto só

Eu vou guardar cada lugar teu
ancorado em cada lugar meu
e hoje apenas isso me faz acreditar
que eu vou chegar contigo
onde só chega quem não tem medo de naufragar