COMO A PRÓPRIA EDUARDA DIZIA "MÃE TU ÉS A MINHA ESTRELA CINTILANTE"
AGORA PASSOU A SER A EDUARDINHA, A ESTRELA CINTILANTE QUE BRILHA BEM DO ALTO DOS CÉUS

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Para os meus amigos da Âncora


Durante três anos colaborei na publicação Diário de Bordo da Associação “A Nossa Âncora” – Apoio a Pais em Luto com uma secção permanente que se chamava “Bom Porto”. Chegou o tempo de parar, dar a vez a outras pessoas contribuírem com esta causa. Não sei se ajudei alguém mas tentei. Com a noção dos meus limites, da minha condição de humano, reconhecendo que não passo de mais um daqueles Seres que continua na senda da aprendizagem.
Nesta minha ligação à Âncora e nos escritos que deixei, queria dizer a todos os membros que o fiz com a vontade constante de falar verdade. Desde 2006 que passei noites em branco, chorei, errei, percorri caminhos de tristeza. Mas, nessa escrita do “Bom Porto”, num mundo repleto de pessoas que se esquecem de serem mais simples e de reconhecerem que não passam de comuns mortais, falíveis, porque o ser humano assim foi e assim será sempre, importa reconhecer e agradecer o apoio, carinho e estima que recebi de alguns Ancorados desta família. É exactamente para essas pessoas, tão bem identificadas, que dedico com carinho, uma evocação que singelamente lhes endereço.

Uma Âncora aos Ancorados
Cada família é uma união. Transporto comigo o motivo infeliz que me levou até Vós, com uma ferida profunda que me devassa o peito. Foi essa a razão que me conduziu à Âncora, ficando intensamente ancorado a todos os que dividiram relatos difíceis de contar e viveram a partilha da experiência mais difícil… Deixo-vos este pequeno texto para que nos Vossos Corações possa residir, esperando que se lembrem de mim apenas como um simples Ancorado, preso às mesmas amarras que infelizmente mas felizmente nos juntaram.

São os ancorados mais do que ninguém que sabem que a simplicidade é o único caminho possível para chegar ao verdadeiro destino.

São os ancorados mais do que ninguém que sabem dar valor à amizade verdadeira, mesmo quando os amigos se possam enganar nos caminhos.

São os ancorados mais do que ninguém que sabem perceber que não podemos e não devemos julgar ninguém.

São os ancorados mais do que ninguém que sabem que é sobre a sua vida que devem reger a sua existência.

São os ancorados mais do que ninguém que sabem que a dor permanecerá até ao fim dos seus dias terrenos.

São os ancorados mais do que ninguém que sabem que a força não existe do acaso.

São os ancorados mais do que ninguém que sabem que a base da sua vida é a sua própria vida, amando o seu semelhante mesmo que não encontre nele a perfeição.

São os ancorados mais do que ninguém que sabem que perdoar sem questionar é uma oportunidade de conquistar o nexo de existir.

São os ancorados mais do que ninguém que sabem que esta vida é uma passagem e que existem coisas que não merecem o nosso tempo ou frustração.

São os ancorados mais do que ninguém que sabem que apenas existe um problema no mundo, a largada de um Ser que se Ama.

São os ancorados mais do que ninguém que sabem que numa fracção de segundo o melhor dos planos se altera nos seus dias.

São os ancorados mais do que ninguém que sabem que não vale a pena ser rico enquanto não se gerar valor no Coração.

São os ancorados mais do que ninguém que sabem o que é cair e levantar, com encontros e desencontros.

São os ancorados mais do que ninguém que sabem que ter um filho é um Dom e uma Dádiva de Deus, que num merecido instante nasceu e num inesperado momento se elevou.

São os ancorados mais do que ninguém que sabem que uma Âncora significa um porto de abrigo e que os seus marinheiros são o princípio da solidariedade e dádiva.

São os ancorados mais do que ninguém que sabem que querem rumar para o Bom Porto, depois de uma rota de avanços e recuos, de aventuras e desventuras.

São os ancorados mais do que ninguém que sabem que apesar de tudo valeu a pena porque não é por mero acaso que chegaram ao porto de abrigo.

São os ancorados mais do que ninguém que sabem que o caminho a seguir é a tolerância e não menosprezar a vida do seu semelhante, qualquer semelhante.

São os ancorados mais do que ninguém que sabem que quando alguém precisa de uma mão num instante se estende as duas.

São os ancorados mais do que ninguém que sabem que não existem esquecimentos possíveis para um verdadeiro Amor.

São os ancorados mais do que ninguém que sabem que qualquer vida será sempre vida.


Escrito na madrugada do dia 9 de Fevereiro de 2010, dedicado de forma muito especial aos meus Amigos da Âncora, alguns Ancorados que se tornaram uma referência de respeito...

3 comentários:

Cida disse...

M A R A V I L H O S O e me tocou profundamente o coração!
É só o que tenho a dizer no momento...

Um abraço prá você, Joaquim, e fique com Deus.

Sua amiga

Cida

Patrícia Matos disse...

Joaquim, venho regularmente ler as suas palavras, é raro escrever, mas hoje decidi depois o ler deixar-lhe um beijinho e noticias nossas, digo-lhe apenas que o que Deus me tirou com uma mão, me deu a dobrar com outra....a Matilde é um bebé fantastico e tem estado tudo optimo com ela. Um beijinho e obrigado pela ajuda que sempre me disponibilizou. Obrigado!

Anónimo disse...

simplesmente lindo...
so é pena o ser humano nao ser e nao fazer tudo isto que foi falado neste lindo texto.
beijinhos felicidades