domingo, 13 de dezembro de 2009
A palavra obsessão
Quem lê o título deste texto poderá perguntar qual o contexto na aplicação desta palavra obsessão. A razão prende-se simplesmente pelos comentários que se costumam ouvir, dirigidos às pessoas que normalmente homenageiam de forma intensa os seus ente-queridos.
Na verdade, os seus difusores e os seres que são portadores de sentimento tão rasteiro, não imaginam, muito menos sabem, que quando se ama alguém e esse vínculo é cortado pela finitude, a dor é incalculável e o reparo é praticamente impossível.
Especialmente quando se trata de um filho, a ausência, a impotência, a tristeza, remetem-nos para uma encruzilhada da vida repleta de sofrimento. Quem emprega uma palavra obsessão como comentário a alguém que homenageia as pessoas que ama, fico com a certeza absoluta que estamos perante pessoas que não conhecem verdadeiramente o sentimento da perda e do Amor.
Meteu-me confusão ouvir um dia essa palavra para retratar pessoas que não desligam dos seus ausentes deste lado da vida. Como se isso fosse possível… Se um dia experimentassem tamanha dor iriam perceber o quanto nos toca profundamente ver que não voltamos a viver os sorrisos e os bons momentos de outrora. Iriam entender que só nos resta mesmo continuar esta jornada de vida mas com o preceito de homenagem constante a quem amamos. Se fosse o contrário, se conseguirmos desligar, esquecer, ignorar, os seres que amamos mas que não se encontram entre nós, seríamos pedras, autênticas pedras rodeadas de ervas daninhas. Mais do que isso, seríamos pedras frias, tão frias que nem o próprio frio sentiríamos…
Quanto mais existo maior é a minha percepção do quanto teremos que evoluir na vida.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
8 comentários:
Ola joaquim!
Simplesmente lindo e muito sentido, muito sofrido...
A dor que sentimos em perder uma pessoa que amamos mais que tudo na vida é intensa e sentida o resto das nossas vidas.
Felicidades um feliz natal e um optimo ano novo.
Beijos
Olá Joaquim,
Sábias palavras... A vida é um caminho constante para a evolução, mas existem pessoas que nem que vivessem mil anos conseguiriam evoluir nesta jornada da vida.
Infelizmente,nem todos os seres têm a mesma capacidade para amar(isso nós constatamos diáriamente), alguns colocam limitações naquele sentimento que quanto a mim é ilimitado, não conhece fronteiras, distancias e seja qual for a sua forma.
Eu tinha tanto para escrever sobre este texto...mas tu já falas-te tudo, devo acrescentar que concordo em absoluto com tudo o que escreves-te.
Continua a seguir a luz que te conduz, o teu coração repleto de amor, esse amor que permanecerá em ti para todo o sempre, muito para além do visível e do palpavel, e isso é o mais importante deste mundo. Esse é o amor que inala nos teus sentidos diáriamente e ajuda-te a superar os óbices que iram sugindo ao longo da tua existência.
Particularmente, tenho compaixão das pessoas que têm esta forma fria e desapegada de estar na vida...Pergunto-me qual será o sentido de vida para estes seres?
Sem mais delongas... Beijinhos
Prezado Joaquim
Tudo que eu poderia te dizer, Susana já o disse de uma forma perfeita e maravilhosa (como escreve bem essa menina!)
Só me resta lhe deixar um abraço e lhe pedir que "não de ouvidos" (como dizemos aqui no Brasil) à essas pessoas que não sabem o que dizem.
Fique com Deus e de um abraço na Cristina por mim.
O que não nos faz bem, a gente deleta. O que nos faz bem, a gente guarda no coração.
Sua amiga de além mar
Cid@
gosto e prefiro pensar que gostas de vir para aqui conversar...
beijo, com saudade
Chamar obsessão à dor profunda de alguém que perdeu um ente amado e que o(a) homenageia de forma contida, é simultaneamente uma grande ignorância e uma maldade cruel.
Aind o é mais se estamos a falar de uma pessoa cujo filho(a) não se encontra no plano terreno.
Todos nós que passamos por essa experiência e, de uma maneira geral, todas as pessoas que "perderam" um ente querido, sabemos o quanto gratificante é falarmos dos nossos filhos: aquece-nos a alma reviver os nossos momentos.
A todos os que sabem viver a vida com essa ferida aberta no peito, a todos os que sobrevivem calmamente no dia a dia com essa saudade dentro de si, um abraço forte, em partcular ao Joaquim que é um pai forte, dedicado e orgulhoso. Traços que não perderá, independemente da sua dor.
Ola joaquim!
Ca recebi o jornal e o livro...
Felicidades e continua a premiar-nos com estes livros lindos que retrata a realidade da vida.
Beijos
Joaquim
O problema é que há pessoas mais frias do que o próprio frio...
Há pessoas que não sabem o que é o amor incondicional e, consequentemente, não sabem o que é a dor infinita.
Nós sabemos o que é a dor infinita... ...porque o nosso amor é sem limites.
É verdade, e por mais filhos que tenhamos, nunca nenhum substitui outro...felicidades!
Enviar um comentário