COMO A PRÓPRIA EDUARDA DIZIA "MÃE TU ÉS A MINHA ESTRELA CINTILANTE"
AGORA PASSOU A SER A EDUARDINHA, A ESTRELA CINTILANTE QUE BRILHA BEM DO ALTO DOS CÉUS

terça-feira, 11 de novembro de 2008

As folhas de Outono



Neste Outono, onde sentimos muito mais o vento, somos convidados a uma introspecção dos sentidos. É preciso olhar os sentimentos, redescobrir o brilho, alterar alguns caminhos e trilhar outros já percorridos, olhar para trás sem deixar de olhar para a frente e com muito fôlego falar com os nossos filhos.
Não sei se sou merecedor de chegar onde já está a minha filha Eduarda. Nos meus dias, tal como muitos de vós, partilhamos de acções que nos orgulhamos mas outras nem por isso. Confesso que desde o dia em que a minha filha partiu, sinto que evolui imenso, tornando-me melhor pessoa. Apesar desse estado, mesmo assim, nem sempre consigo estar como melhor desejava. Penso importante reconhecermos isso.
Neste Outono quero pensar mais, chegar mais longe. Convido-vos a irem comigo nessa viagem, ajudando-nos todos uns aos outros, com humildade e carinho. Não vale a pena estarmos aqui com outros preceitos, com jogos e jogadas, com códigos diferentes que nos possam conduzir ao bem.
As folhas caem das árvores e enchem as florestas e os jardins. É assim. Não há nada a fazer. Esta queda das folhas, normalmente castanhas, depois de um verde tão vivo, talvez seja um dos melhores exemplos da vida humana. Caímos e partiremos todos, mais cedo ou mais tarde. Também existem folhas que prematuramente também caem das árvores em estado verde, bem novas na sua existência. Em muitos casos, talvez signifique a perda de filhos da árvore de forma precoce. Ou porque apanharam mais vento ou porque a haste onde estavam partiu, o certo é que de forma nada natural e esperada, muitas folha verdes continuam a cair das árvores.
A natureza é perfeita em mensagens. O que nos quer dizer este Outono que nos remete para o vento, para o agasalho protector dos casacos e que de quando em vez, nos revela folhas verdes a cair das árvores? Não estará triste aquela árvore que despida da sua folhagem se torna mais pobre?
Neste mês de Novembro quero destacar todas as folhinhas verdes que um dia partiram. Os nossos filhos foram essas folhas que voaram da nossa presença, tornando-se nas estrelas que nos iluminam e guiam. É por isso que quero sair à rua e sentar num banco, falando com as árvores, também elas inibidas das suas folhas. Num jardim da cidade ou na floresta, também as árvores podem derramar lágrimas da ausência das suas folhinhas. Por alguns momentos, vão ser elas a minha companhia.
Quero também reconhecer que quero melhorar como ser humano. Construir e reconstruir, com a minha filha, minha família, amigos e… as muitas árvores e folhas deste Outono.

Joaquim Santos
p.s. imagem retirada da net

1 comentário:

a d´almeida nunes disse...

Caro amigo
Muito provavelmente não me conhece de lado algum.
Mesmo assim quero deixar aqui uma simples nota de solidariedade pelo drama da perda da Eduarda, sua filha transformada nessa estrela cintilante que o parece guiar. As folhas das árvores que caem no Outono reforçam, em muitas ocasiões, os momentos de nostalgia que todos nós, por um motivo ou por outro vivemos.
Ainda ontem, estava eu aqui no computador, dafiam 6 anos que um sobrinho, muito querido, jovem de 26 anos, morreu der acidente de automóvel. Fomos os primeiros familiares, para além dos pais, a quem i capelão militar comunicou a notícia. Ao serão. Foi como tivesse rebentado uma bomba no Planeta.
A minha mulher escreveu um poema, veio mostrar-mo e tentar lê-lo. Só o conseguiu ao fim de várias tentativas.
Os pais já estão conformados com a ideia da despedida física do filho.
A vida continua...
Um abraço
António Nunes