COMO A PRÓPRIA EDUARDA DIZIA "MÃE TU ÉS A MINHA ESTRELA CINTILANTE"
AGORA PASSOU A SER A EDUARDINHA, A ESTRELA CINTILANTE QUE BRILHA BEM DO ALTO DOS CÉUS

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

És luz...


Na escuridão não conseguimos atingir qualquer objectivo. À deriva, figuramos como invisuais, perdidos numa dimensão sem sentido.
Desde que soube que existias transmitiste luz. Tão clara, tão forte, tão esclarecedora de tudo. A tua dimensão é comparável a um archote que mesmo nos tempos onde não existia a electricidade, se traduzia em chama viva, quase como que se de comida se tratasse. Naqueles tempos idos, lá longe, sem os contadores da EDP, a chama da tocha, foi ambiente de muitos romances, de encontros entre Príncipes e Princesas, de nascimentos como milagre humano, de possibilidade de se cruzarem caminhos ou ruas sem o apavorante escuro da noite.
Sim, és luz. Na minha vida serás sempre dia. Não existe noite na tua dimensão. Percorro os meus dias, nessa chama ardente, num brilho que transcende qualquer compreensão humana. Mesmo conhecendo-te de perto por tão pouco tempo, mesmo sabendo que tanto existia a dividir, ÉS LUZ, SERÁS SEMPRE A MINHA LUZ.
Os teus raios descem sobre mim, completam-me numa noção fundadora da vida que se repete em cada instante. Provavelmente tudo estará ainda para começar. Tudo poderemos recomeçar, num ponto de partida achado por nós, de forma determinada e iluminada. Só saber que existes sinto luz, com tanta intensidade e verdade.
Um dia, num jardim, quer seja de dia ou de noite, quero sentir esses raios sobre mim. De mansinho, contemplarei a tua beleza, iremos juntos a correr junto daquele riacho, onde os peixinhos dançam ao som dos nossos passos, vindo ao de cima da água para também eles viverem a nossa luz. Sim, a nossa luz. Na verdade, sem Ti, não me sinto tão iluminado, mesmo sabendo que os teus raiosinhos me projectam cor e força. Mas contigo, verei mais longe, perceberei que existir é uma dádiva de Deus. Entenderei que por um minuto apenas que tivesses comigo neste lado da existência, vale a pena a minha existência para saber que estiveste comigo, mesmo nesse repentino mas tão significativo instante. Preciso de Ti, da tua Luz, sempre.

Joaquim Santos

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Entender caminhos terrenos e os daí…


Sonhei um dia conseguir descrever tudo o que sentia.
Descobri uma forma de o fazer, revelando o meu melhor lado.
De olhos abertos, abri a janela e os raios de sol despontam.
Eras tu que me iluminavas, mesmo no mais tímido momento da manhã.
Mesmo nas noites sinto uma luz presente, tão iluminado fico com o seu foco.
Talvez sejas tu em forma de lua, numa projecção de branco entre o escuro.
Chegas sempre tão perto de mim, com tanta brilho, num manto de esperança.
Nasci no século de guerras mundiais, de uma reviravolta nas regras da vida.
E tu, de soslaio, vieste no século das tecnologias, mas nem elas te souberam salvar.
Foste sem avisar, sem dizer mais nada. Tanto que ficou para dizer.
Abandonado fiquei, abandonado estou. Quieto mas com esperança.
Deus só pode existir. Esse Ser superior, o construtor que um dia se entregou.
Porventura deixou um mundo incompleto. Continuam coisas por perceber.
Existem realidades a modificar, que ainda magoam, doem sem desdém.
A dor da partida ainda poderá colocar a nu o trabalho incompleto de Deus.
Ou talvez não.
Poderá ser uma passagem, feita por locais do desconhecimento do homem.
Uma viagem que nos leva até lá, àquele lugar onde existe quem nos espera.
Agora, tu estás aí, eu aqui. Por vezes estou impotente. Outras fico compreensivo.
Triste e alegre, pobre e rico, tolerante e intolerante… Quem nunca ficou assim?
O ponto final será sempre o final de uma frase?
Não, eu consigo recomeçar. Recomecei. Tenho de ir…
Tenho estado a pensar muito. Nunca subestimei a tua existência. Sei que vives.
Talvez não te encontre por aqui mas em breve talvez nos cruzemos por aí.
Já que foste, sem bagagem, sem as coisinhas que deixaste aqui, mesmo as predilectas.
Só por isso eu sei que não foi uma despedida. Não irias assim.
Entre essas coisas, sei que colocavas em primeiro plano a tua família. Eu, mamã, todos.
Sim todos. Não distinguias ainda o bem do mal. Por isso todos entravam no teu mundo.
E agora, de olhos abertos continuo a ver-te.
Abro a janela do quarto. De noite uma lua sorridente e de manhã o sol brilhante.
És tu. Como uma bateria recarregada, quase a dizer-me ao ouvido: vai e vive.
É o que faço.
Eu vivo porque vives.
Ainda vivo porque vives.
Viverei sempre porque és a minha maior certeza da vida.

Joaquim Santos, na casa da tia Patrícia, do tio Caco e do priminho João
Colmeias, 5 de Fevereiro de 2011