quarta-feira, 8 de junho de 2011
Escrevo-te a Ti, neste mês de aniversário...
Escrevo-te a Ti, porque bem sei que desse lado me consegues escutar e sentir... Apenas eu não percepciono nada. Mas onde estás, a dimensão do Amor opera, criando uma aproximação invisível com tudo o que é terreno. Tu desces, de mansinho, escutas o meu coração e levas a mensagem para Deus.
Desde que foste não sei de Ti. Sei que estás mas não vislumbro onde estarás. Neste mês de Junho farias 11 anos. É também o meu mês. Não o consigo comemorar sabias? E no entanto, quando estávamos juntos, era o delírio, um hino à alegria e amor.
Nestes anos que passaram tenho conhecido tantas pessoas. Outras que já conhecia, deixei de as reconhecer. Cresci e aprendi muito mais. Nestes anos caí, levantei e voltei a cair. Cruzei destinos diferentes, seres sensíveis à dor e outros insensíveis. Pessoas boas e más. Como qualquer ser humano.
Mas sabes o que me custa? E custa tanto, bem sabes. É ver sorrisos e uma quase indiferença quando estou triste, a pensar e reflectir sobre Ti. Até me podem dizer que são formas de nos espevitar, de nos ajudar… Mas ninguém ajuda com coisas que se soltam no ar em forma de disparate, como se eu nunca tivesse conhecido o lado difícil de perder um filho. Não, para algumas destas pessoas, ou já passou imenso tempo (para elas eu tenho de ultrapassar e quase esquecer tudo isto) ou então, pior ainda, foram elas próprias que praticamente já esqueceram.
Prometo Eduarda que não serás uma mera estatística. Enquanto viver tu também viverás. Nunca serás uma sombra. Mesmo que quase não existas na vida de tantas pessoas que julgaria continuares a fazer parte. E não falo do que não gosto, das conversas ‘lamechas’ ou do coitadinho que me recuso a ser. Falo antes de sensibilidade, de percepção da tua importância em mim.
Termino, com uma conversa partilhada com uma amiga que foi recentemente mãe de um Dinis… Disse ela que só agora consegue percepcionar a força do Amor a um filho e que não se imagina sem o seu rebento. Na verdade, só quando estamos de perto das realidades as poderemos valorizar ou simplesmente fazer o exercício da imaginação dos cenários possíveis.
Neste mês de Junho faríamos anos. Ou melhor, faremos. Embora não os comemore da mesma maneira, vamos juntos festejar, juntinhos. Um dia, como prenda, novamente Tu. Impossível, dizem muitos. A vida termina aqui, é simplesmente terrena. Quem me prova isso? Se não existem provas do Céu onde estão as provas do vazio do nada, da morte cruel? Ambas as teorias não têm provas. Sabemos apenas que um dia iremos, justamente para esse lado onde já te encontras. A mnorte pode nem ser bem a morte. A morte até pode ser a fronteira da verdadeira vida.
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1 comentário:
Bem, vi a reportagem hoje e fiquei muito sensibilizada com as histórias que abordaram, em especial a da sua filha.
Tenho a certeza que a sua filha é mesmo uma das estrelinhas que está no seu a olhar por si, pela sua esposa e pela sua outra filha.
Deus vos dê muita força e coragem para continuar a lutar todos os dias...
Só hoje comecei a ler este blogue... muito bela a forma como se dirige à sua filha.
Força`*
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