COMO A PRÓPRIA EDUARDA DIZIA "MÃE TU ÉS A MINHA ESTRELA CINTILANTE"
AGORA PASSOU A SER A EDUARDINHA, A ESTRELA CINTILANTE QUE BRILHA BEM DO ALTO DOS CÉUS

segunda-feira, 14 de março de 2011

Estou no desfiladeiro a ver o mundo...


Neste desfiladeiro, procuro um canto sobre a montanha. Daqui, vê-se o mundo por completo. Do norte ao sul, todos os extremos do universo eu avisto. Vejo pessoas a passar, de um lado para o outro, correndo, muito à toa, neste sítio chamado Terra.
Sento-me numa beira, no cume da montanha, e vejo vultos a transportarem televisões avariados para o lixo. Lembrei da vida de outros tempos. Antigamente, quando as televisões avariavam, eram reparadas. Agora, vão para o lixo. Assim se vive nos dias de hoje. Vejo que estamos afastados uns dos outros, indiferentes, longe dos sentimentos, exactamente como as televisões avariadas. Ou seja, colocamo-nos a nós próprios no lixo.
Caminhando mais um pouco na montanha, um esquilo empoleira-se num ramo de uma árvore a fitar-me. Anda de um lado para o outro, procurando chamar a atenção. Percebi... A bolota caiu e ele quer espaço para poder descer em segurança. Talvez tenha medo de mim. Pergunto-me, porque será que os animais nem sempre percebem quando os humanos não lhes querem fazer mal? Devíamos usar linguagens universais. Mas nem nós, humanos, nos queremos relacionar entre as gerações de todos estes lugares que avisto daqui. Do extremo norte ào extremo sul do Planeta, ninguém se entende. Não deveria ser assim. Do inglês ao francês, do japonês ao português, do espanhol ao alemão, do chinês ao tailandês, assim sucessivamente...
O mundo é constituído por um todo, de forma ordenada, com uma lógica. O homem, quanto mais evoluiu no tempo, mais interventivo foi, modificando até chegar a fronteiras perigosas. Até a própria espécie humana está em perigo, com os instrumentos de alteração genética, da clonagem, da programação e escolha de como queremos que as gerações seguintes nasçam.
É profunda a mudança. Se dizemos que mudamos para melhor, porque será que nos sentimos cada vez mais vazios, menos solidários, mais solitários, frios, indiferentes, no fundo, mais desumanos? Uma contradição profunda. Se evoluímos tanto no conhecimento, na técnica e na tecnologia, porque não usamos esses instrumentos para o bem humano?
Daqui, deste alto, onde não tenho nada de tecnológico, vou me abrigar lá do baixo. Proteger daquelas evoluções que me afastam da essência do ser. Vou colher os frutos silvestres, agasalhar, fazer uma fogueira na gruta, e reconlher-me das velocidades alucinantes do mundo lá de baixo. Aqui, embora no cimo, estou mais protegido, desse desgraçado desenvolvimento que nos escraviza.
Paro e ouço o vento... Uma voz me diz baixinho... Vive!!! Mas, o vento não fala. Quem seria?

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