quarta-feira, 17 de novembro de 2010
A triste ideia de impressionar
Vivemos no tempo da representação e na vontade desmesurada de impressionar. As pessoas recorrem a tantas estratégias para causar boa impressão nos outros, quase numa lógica de cabeça perdida, apenas para mostrar e se mostrarem…
Nos tempos difíceis que atravessamos, ainda é comum ver pessoas que teimosamente recorrem com frequência à roupa do último grito de moda, ao carro topo de gama, às casas enormes que mais não servem para mostrar imponência… Estes são apenas alguns dos exemplos mais flagrantes de uma sociedade pobre de ideias, órfã da cultura, numa escrita, leitura e interpretação paupérrima.
Por vezes, quem mais tem, menos mostra. São tantas as histórias de atrevidos, de pessoas destemidas dos fluxos e responsabilidades económicas. Brincam com o dinheiro, sem plano para pagamento certo. Esta é uma das explicações que nos conduziu às dificuldades actuais.
A culpa das crises não tem apenas a origem na classe política mas não podemos esquecer que os políticos também são cidadãos. Do seu exemplo, outros lhes seguem, com ânsia de ganhar, de ter, de retirar cada vez mais ao País, aos contribuintes que esforçadamente descontam os seus impostos. As desculpas dos políticos andam sempre rente à teoria dos mercados e dos seus operadores como culpados da situação que vivemos. Mas, como frequentemente digo, para o comum dos cidadãos, o que é isto de mercado? O que diz esta palavra ao trabalhador do campo, ao mecânico, ao pedreiro, ao sapateiro, ao pequeno comerciante? O mercado destes cidadãos são os seus micro-negócios, as suas tarefas diárias…
No contexto actual, seria bom que determinadas profissões fossem reguladas nos rendimentos que disponibilizam aos seus promotores. Jogadores de futebol, gestores de organismos/empresas de carácter público (e até privado), algumas figuras públicas de grande destaque, poderiam e deveriam ver os seus gordos rendimentos baixarem, moralizando e colocando alguma justiça para as assimetrias existentes. Com os afortunados fluxos financeiros das minorias, corrigiam-se as faltas graves que existem nas maiorias. Tem de haver uma lógica de partilha, de entregar mais a quem merece, a quem se esforça e faz para o engrandecimento do País.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário