As memórias estão bem presentes, vincadas sobre o armário da vida, nas gavetas das lembranças, no aconchego dos gestos lindos que travámos cada vez que estivemos juntos. Percorro o tempo, apenas mais tempo. Foste embora com quase 6 anos mas podia ser 16, 26, 36, 46... Mas, o tempo não apaga o significado de tantos momentos juntos, tanta cumplicidade, sentida nas brumas do oceano, na nossa casa protectora, nos jardins das brincadeiras.
Foste. Pronto. Teve de ser. O que fazer? Eu e todos também iremos um dia, para esse lado desconhecido, para onde nos reportamos a qualquer momento. É inevitável. Essa certeza é o que muitos continuam a parecer ignorar, parecendo serem donos deste mundo que não é de ninguém, apenas dele próprio.
Deixaste uma marca bonita na minha existência. Apenas te mudaste. Porque a tua presença está enraizada em todo o meu ser, em todas as minhas acções, naquilo que sou e virei a ser. Peço-te que me ajudes, que me orientes, que olhes por mim e por todos os que te amam. Que me chames a atenção, à tua maneira, quando eu estiver nalgum momento menos bom, quando de alguma forma estiver a não ser o exemplo do pai que quero continuar a ser.
Os teus dentinhos nos mil sorrisos que propagaste são inesquecíveis. Sabes filha, gostaria que o mundo contemplasse, visse o quanto são bonitos os teus dentinhos que fizeram abrir tantas bocas de espanto, admiração e mais sorrisos. A tua face colorida de magia, foi e continuará a ser a fonte da minha inspiração. Os teus olhos são o mote da minha capacidade de ver o mundo. A tua força de alegria é o pulsar dos meus dias, o “mergulho” para este mundo complicado e desorientado.
Por vezes, dou por mim a perguntar-se se te adaptarias a este mundo? Tu, criança tão simples, apenas esperando da vida o bem, muito bem... A forma como conduzias os teus dias era absolutamente florida, cheia de cores. Ainda hoje ouço a tua voz, vejo a tua dança, acompanho os teus passos, sensibilizo-me com a tua mensagem e deliro com o espectáculo das tuas emoções.
Houve um Natal entre outros quatro Natais que não esqueço... Lembras da pista de madeira com bolas que tanto querias? Com um bonequinho no seu topo e um percurso de descida, três bolas faziam barulhinhos que te transmitiam bem estar, repetindo e repetindo o rodopio das bolas que quando chegavam ao final batiam contra um sininho tilintante. Foi um Natal especial, eras tu bem pequenina, apenas com um aninho e meio...
O Natal de 2008 vai chegar. Três Natais vividos sem ti, sem os raios do teu Sol, que aqueciam tanto, mesmo nas noites mais frias. Vou dar-te uma prenda. Acho que a queres receber e deverá ser tudo o que mais desejas acolher. Vou continuar a viver como sempre, honrando esta palavra que nos deixaste de forma cintilante. O teu SEMPRE sugere-nos que vale a pena continuar a acreditar, a fomentar a vida, ultrapassando barreiras difíceis. Neste e nos próximos Natais de Sempre...
Joaquim Santos
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
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